segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

2.3.2.1 - O Sujeito e o objeto

2.3.2.1 - O Sujeito e o objeto

O rio dissolve. O rei reifica, racionaliza. O que se opõe é Riobaldo e Reinaldo. Diadorim é a superação de Reinaldo (o menino) e Diadorim (a morta)
Conforme penseí em Diadorim. Só pensava era nele[i].
Diadorim aparece na página 19 (edição citada na Bibliografia) e logo desaparece. Aparece como um ser sobre o qual o narrador pensava num momento de felicidade.
Amor vem de amor. Digo. Em Diadorim, penso também mas Diadorim é a minha neblina...”[ii].
Diadorim “reaparece” na página 22 mas é urna lembrança bordada de nevoa e de dor: O narrador falava de sua mulher das rezas dela, graças. Diadorim entra quase no compasso de
“D — D”: Digo — Diadorim. A frase bate o timbre de uns “ii”.
Em “Diadorim é minha neblina” Diadorim, ai obscureceu o narrador, é o mistério e a neblina da narrativa.
Quem me ensinou a apreciar essas belezas sem dono foi Diadorim...[iii].
Diadorim, professor de beleza, ensina Riobaldo a viver, a ver o mundo, um mundo tocando os limites do sonho (“quando o senhor sonhar, sonhe com aquilo”)[iv], sem dono, numa visão burguesa.
Eu estava todo o tempo quase com Diadorim. Diadorim e eu, nós dois. (...) De nós dois juntos, ninguém nada não falava[v].
O que aparece aqui é a companhia que se tornava objeto de possíveis comentários (Diadorim se vestia de homem, vestido assim aparece como se fosse homem, gênero com que é designado aqui para que não haja uma vio1entação do texto).

... eu sentava. Não gosto de ficar em pé. Então, depois, ele vinha sentava, sua vez. Sempre mediante mais Longe. Eu não tinha coragem de mudar para mais perto[vi].

Entre os dois havia uma desconfiança e um “mediante” Havia o imã do amor que aproximava, mas também o impedimento que não os fazia seres do vário sexo.
Diadorim não estava por perto, para me reprovar[vii]
Riobaldo encontra Nhorinhá: Diadorim não está perto, para o ciúme e o controle. Diadorim participa da atitude controladora. A amada é um substituto da mãe.
... ele gostava de silêncios[viii]
É o quieto, o calado o silêncio e o mistério.
... contra o querer gostar de Diadorim mais do que, a claro, de um amigo se pertence gostar[ix].
Riobaldo se sente enfeitiçado sente que este amor não é pertinente (não “pertence”) não pode ser “às claras” explicado e racionalizado.
Mas Diadorim estava a suaves (...) Que vontade era de por meus dedos, de leve, o leve, nos meigos olhos dele[x].
Estava em guerra, em plena guerra do texto, que Medeiros Vaz comandava — e de súbito, antítese infeliz Diadorim estava “a suaves” provocando a afetividade do narrador que relembra.
Buriti, minha palmeira
lá a na vereda de lá:
casinha da banda esquerda,
olhos de onda do mar...
Mas os olhos verdes sendo os de Diadorim[xi].

Diadorim, olhos verdes se mistura com Otacília, que queria casar-se com ele. Diadorim decide um sentido: O sentido de ver Os olhos que vêem e os olhos vistos pelos olhos de Diadorim, e o mundo de seus olhos catalisadores de toda a beleza do mundo.
Pois lá um geralista me pediu para ser padrinho de seu filho. O menino recebeu o nome de Diadorim, também[xii].
Riobaldo consegue mascarar seu “casamento” impossível com um filho (simbolicamente de Diadorim). Como amar uma mulher vestida de homem, armada cavalheira(o) e guerreira(o)?
Oi, Diadorim belo feroz! (...) — Reinaldo! O Reinaldo![xiii].
Quando Diadorim se mostra heroicamente violento e guerreiro, ele se transforma em Reinaldo, para ser chefe. Mas o narrador “nesse repente”, imediatamente nega! “Não! Diadorim, não”[xiv]. O narrador não aceita que sua amada chegue a ser chefe (o que desestruturaria sua condição feminina, pois a fúria de Diadorim é sempre feminina) E Reinaldo e Rei.

Aí pois de repente, vi um menino, encostado numa árvore, pitando cigarro Menino mocinho, pouco menos do que eu, ou devia de regular minha idade /.../ E se ria para mim[xv].

Diadorim muda de nome: Agora é o “menino”. Esta é a primeira vez que o narrador o vê. A precocidade está no “e se ria para mim”, o contato destinado, o poder da ancestralidade do discurso da arqueologia do destino.
O menino tinha me. dado a mão para descer o barranco Era uma mão bonita, macia e quente, agora eu estava vergonhoso, perturbado[xvi].
O contato. “Todo o contato, para o apaixonado, levanta a questão da resposta: pediu-se a pele que responda”[xvii]. É a região paradisíaca aos signos sutis e clandestinos como uma festa, não dos sentidos, mas do sentido. “O sentido (destino) eletriza-me a mão”[xviii].

Olhei: aqueles esmerados esmartes olhos, botados verdes, de folhudas pestanas, luz-iam um efeito de calma, que até me repassasse. Eu não sabia nadar[xix].

O verde dos olhos emite sinais “luziam um efeito de calma” dos dois personagens estão numa canoa, o narrador diz que “não sabia nadar” teme afogar-se na cor daqueles olhos. É a entrega ao mistério, a sem-razão do amor Todo amado tende a morte no amor de sua amante.
Comparável um suave de ser, mas asseado e forte — assim se fosse um cheiro bom sem cheiro nenhum sensível — o senhor represente[xx].
A sensibilidade do cheiro (depois do contato) a consciência da assepsia do amor, da materialidade suave, da carnadura desejada da amada. A aura do amor.
Aquele amor não seria mesmo para mim, pelos motivos pessoais[xxi].
Riobaldo se refere a Rosa’uarda, pois soube que ela se casaria com “um Salino Cúri” e sente que a perdera porque estava ligado a Diadorim para sempre (sua liberdade decorre da morte de Diadorim, no fim da narrativa) E a impertinência do poético.

Só flagrante conheci. O moço, tão variado e vistoso, era, pois sabe o senhor quem, mas quem, mesmo? Era o Menino! /.../... o que atravessou o rio comigo, numa bamba canoa, toda a vida./.../ Os olhos verdes...[xxii]

O destino prende Diadorim (devolve-o, que retorna) a Riobaldo, numa canoa, toda a vida. A canoa com que atravessaram o rio, do porto-de-janeiro, é o instrumento da travessia, no rio se encontram as veredas, atam-se as vidas decidem-se os mistérios do processo narrativo. A “companhia” do mistério.

Eu queria ir para ele, para abraço, mas minhas coragens não deram. Porque ele faltou com o passo, num rejeito, de acanhamento. Mas me reconheceu, visual. Os olhos nossos donos de nos dois. Sei que deve de ter sido um estabelecimento forte, porque as outras pessoas o novo notaram — isso no estado de tudo percebi. O Menino me deu a mão: e o que a mão diz é o curto./.../ E ele como sorriu. Digo ao senhor: até hoje para mim está sorrindo. Digo[xxiii].

Ao vê-lo o narrador volta a apaixonar-se. Mas tem medo. Amor e medo. Mesmo porque Diadorim “falta com o passo” recua, numa certa rejeição num certo acanhamento. Estabelece-se um acordo “visual” só os olhos só olhos. Este acordo é forte (já havia ocorrido, anos atrás, páginas atrás, na página 80)
O Menino lhe a mão como na primeira vez, como simbolizando isto: Venha colocar-se na via do meu destino, na quebra do estranho. O sorriso é o pacto (“até hoje para mim está sorrindo”). Atração pela Terceira Margem. “O que a mão a mão diz é o curto”
Riobaldo...Reinaldo...— de repente ele deixou isto em dizer: — “... Dão par, os nomes de nos dois...[xxiv].
Diadorim estabelece a ligação, a homologia, entre os nomes (nomear é dizer o que uma coisa é). A tarefa de Diadorim de deixar o narrador sempre em seu rastro, de destiná-lo. Casamento com o irreal. Homologia conjugal é o casamento inteiro.
E aí esta hora, conheci que, o Reinaldo, qualquer coisa que falasse, para mim virava sete vezes.[xxv]
Riobaldo já está tomado por sua amada, sua palavra multiplicadora aparece com a multiplicação da força de uma lei. A atração pela quebra da razão continua. A palavra é a lei.

Pessoa limpa, pensa limpo. Eu acho. Depois, o Reinaldo disse: eu fosse lavar corpo, no rio. Ele não ia. Só, por acostumação, ele tomava banho era sozinho no escuro, me disse, no sinal da madrugada.
Sempre eu sabia de tal crendice, como alguns procediam assim esquisito — os caborjudos, sujeitos de corpo-fechado[xxvi].

A configuração do romance de Guimarães Rosa como novela de cavalaria aumenta aqui: como no banho de cavaleiro. Além disso, a estranheza do Reinaldo (que é Rei.) em se banhar sozinho escondido, no escuro proceder esquisito dos que tem o corpo fechado misterioso. Na realidade, Reinaldo tinha o corpo “fechado”, proibido.

Pois então: o meu nome, verdadeiro, é Diadorim.. Guarda este meu segredo. Sempre, quando sozinhos a gente estiver, é de Diadorim que você deve me chamar, digo e peço, Riobaldo...[xxvii].

Diadorim revela meia verdade: Não diz que é mulher mas diz que seu nome (portanto seu ser) não é Reinaldo nas Diadorim. É a confidência amante.
Que é que é um nome? Nome não dá: nome recebe[xxviii].
Parodiando Shakespeare, o narrador sente. que o nome “Diadorim” recebe a significação melhor de sua essência, de sua qualidade.
— “vamos embora daqui, juntos, Diadorim? Vamos para longe, para o porto do de-Janeiro...[xxix].
Riobaldo quer retrocesso, voltar a lógica, voltar à infância do amor quando sua mãe Bigri ainda vivia, voltar ao porto de-Janeiro onde ele conhece o Menino, embrionário ponto de sua travessia. É o estado uterino do amor que teme os lances ilógicos da vida de Jagunço de guerra ilógica. É o amante que quer casar-se fugir com sua amada, para um cantinho sossegado, ninho de amor burguês. Reação.
Diadorim era mais do ódio do que do amor?[xxx].
Diadorim empenha-se na luta, maior é a vingança que o amor. A relação amor e ódio: “Beleza feroz”

Ele, Diadorim? Aonde ia, sem mim então (...) onde tava o amigo? Diadorim, na pior hora, tinha desertado (...) às certas, fuga fugida, ele tinha ido para perto de Joca Ramiro[xxxi].

O Pai (o Poder) sempre foi, em Diadorim, maior do que o amor. Riobaldo abandonado nunca conseguiu arrancar o Amigo dos trilhos da jagunçagem, mas ao contrário: É Diadorim quem o leva para 1á, o seu rastro. Riobaldo nunca conseguiu arrancá-lo da lei do pai, do sexo (imposto) pelo pai, nunca o fez mulher como Diadorim era de fato. O poder burocratizou Diadorim até a morte.
A boa surpresa, Diadorim vindo feito um milagre alvo[xxxii].
Diadorim retorna, renovam-se as esperanças do amado.

Apertou em mim aquela tristeza pior de todas, que é a sem razão de motivo (...). Dormi, nos ventos, Quando acordei, não cri: tudo o que é bonito é absurdo — Deus estável. Ouro e prata que Diadorim aparecia ali, a uns dois passos de mim, me vigiava[xxxiii].

Riobaldo enfada-se da paz (está contagiado agora, pela belicosa amada) não há guerra. Sente necessidade de mulher amolece entedia-se “no meio da quebreira” Sente um vazio de onde sai pela proteção de seu anjo-de-guarda Diadorim “Jagunço amolece, quando não padece”[xxxiv]. Riobaldo agora já é jagunço, essencialmente, radicalmente. Estamos perto da pagina 224 em que se anuncia a morte de Joca Ramiro. A paz atual é aquela perigosa paz que precede as tempestades. Vem aí a guerra maior a guerra da dura vingança. Vem aí o pacto de Riobaldo com o Diabo. Vem aí o ódio, nascido da sexualidade não correspondida. “Tudo o que é bonito é absurdo”

— “Mataram Joca Ramiro!...
Aí estralasse tudo — no meio ouvi um uivo doido de Diadorim (...) Diadorim tinha caído quase no chão, meio amparado a tempo por João Vaqueiro[xxxv].

É uma passagem decisiva, um momento de risco na narrativa, um traço, elemento estrutural do romance. Algo muda, a partir dai, ressurgem paixões ocultas chega-se ao terreno do ódio e do diabo. Ódio misturado com uma sexualidade animal. “O ódio que se mescla ao amor provém em parte das fases preliminares do amar não inteiramente superadas”[xxxvi].
De Diadorim eu devia de conservar um nojo[xxxvii]”.
O Riobaldo cada vez mais carente de mulher, o episódio do onanismo do Conceiço, os instintos primários, de procriação animal, misturados com o ódio provocado pelo desejo de vingança da morte do chefe do Pai Joca Ramiro. Riobaldo se masturba. Isola-se. É  um momento de solidão do texto. Não mais o lirismo dos primeiros momentos amorosos; É a estação do Diabo. A própria figura do novo chefe Zé Bebelo, não tem mais o carisma de Joca Ramiro, nem o heroísmo mudo de Medeiro Vaz. Zé Bebelo tem algo de diabólico, de Maquiavel de político. A seguir na pagina 248, começará a guerra e o ódio, onde estes instintos sexuais serão descarregados no ódio da ponta das balas. Matam-se os cavalos. “Deus é um gatilho?”[xxxviii]. É o domínio diabólico do ódio: “Se uma relação de amor com um dado objeto for rompida, o ódio surgirá em seu lugar”[xxxix].
A roubo, estive perto de Diadorim, quase só para espiar, quase sem a conversação[xl].
Riobaldo perde a capacidade de amar portanto de falar Paira no ar uma atmosfera de desconfiança, de morte. Eles estão cercados na Casa, cercados pelas tropas do diabo e do ódio. A realidade é suspeição.

... estava sombrio, os olhos riscados, sombrio em sarro de velhas raivas, descabelado de vento. Demediu minha idéia: o ódio — é a gente se lembrar do que não deve-se; amor é a gente querendo achar o que é da gente[xli].

O ódio se apodera de Diadorim, a guerra e a época do Diabo. “Quando os instintos do ego dominam a função sexual /.../ eles transmitem as qualidades de ódio também a finalidade instintitual”[xlii].
Diadorim vinha constante comigo. Que viesse sentido, soturno?[xliii]
Diadorim é contagiado (magoado) pelo coração do amigo. Riobaldo está cada vez mais perto do Diabo.
— Escuta, Diadorim; vamos embora da jagunçagem[xliv].
A narrativa é feita de avanços e recuos. Riobaldo tem um momento de retrocesso no seu caminhar para o Mal. Diadorim não concorda, é sempre responsável por sua perdição. “Está chegando a hora d’eu ter que lhe contar as coisas muito estranhas”[xlv].
Mas eu não ri. Ah, daí, não ri honesto nunca mais, em minha vida[xlvi].
Riobaldo no contágio do Mal.
Diadorim mesmo estranhou aqueles maus modos[xlvii].
Riobaldo impregnado do Mal.
— “Repugno: que você está diferente de toda pessoa, Riobaldo... Você que dansação e desordem...[xlviii].
Diadorim reconhece no amigo sua impregnação demoníaca, mesmo tendo de vingar seu pai. Mistério.
Diadorim não ia me mentir. O amor só mente para dizer maior verdade[xlix].
Riobaldo entre em certa competição e desconfiança, com Diadorim. Suspeita.
Tu vigia, Riobaldo, não deixe o diabo te por sela...[l]
Riobaldo chega a ter raiva de Diadorim, mesmo por alguns minutos. Diadorim reconhece nele a presença do diabo. Mistério.

Homem, ele já estava morto. Que a Diadorim dissesse: que dissesse. Que aquele homem leproso era meu irmão, igual, criatura de si? Eu desmentia[li].

Enquanto Riobaldo se faz mais cruel Diadorim passa a ser sua consciência. O controle racional.
Diadorim, nas asas do instante, na pessoa dele vi foi a imagem tão formosa da minha Nossa Senhora da Abadia:[lii].
A oposição continua, Diadorim pertence ao Bem, Riobaldo pertence, agora, ao Mal. Mistério.
De que jeito eu podia amar um homem, meu de. natureza igual, macho em suas roupas e suas armas, espalhado rústico em suas ações?[liii].
Riobaldo disfarça o sentido da oposição. Diz que se afasta de Diadorim porque ele é homem, e por isso não pode amá-lo. Não aceita que ele e Diadorim se achem separados pela oposição dual do Bem e do Mal.

Assim conforme Diadorim tinha expedido o recado, para minha Otacília, mediante o arrieiro de uma tropa. Pejei por afirmara idéia nisso, que próprio depois eu enxotava. Às vezes as melhores haviam de ser as rezas de mais longe, desconhecidamente[liv].
Diadorim ultrapassa seu ciúme apela para sua rival Otacília, por amor a Riobaldo.É um lance de abnegação de extrema necessidade do amor. É uma espécie de conivência, de que fala Barthes:
Aquela/aquela com quem posso falar do ser amado é aquele/aquela que o ama tanto como eu o meu simétrico, o meu rival, o meu concorrente (a rivalidade é uma questão de posição). Posso enfim comentar o outro com quem compreende[lv].

Diadorim se chegou, com uma avença. Para meu sofrer, muito me alembro. Diadorim, todo formosura. “Riobaldo, escuta: vamos na estreitez deste passo...” — ele disse; e de medo não tremia, que era de amor — hoje sei[lvi].

Riobaldo acabara de atravessar sem obstáculos! o Liso do Sussuarão, estava próximo do Hermógenes: Diadorim pressente seu fim. Apressar o passo é apressar o tempo disponível para que os amantes vivam juntos, diminuir seu amor Estar próximo do Hermógenes é estar próximo do Diabo.
Mas, Diadorim concordou com os fatos, em armas, em frente[lvii].
Depois de ter demonstrações de bondade em oposição a seu diabólico amigo, Diadorim reassume o ódio, vingador da morte do Pai, e concorda na destruição da casa do Hermógenes, na matança geral (“até boi manso que lambia orvalhos até porco magro em beira de chiqueiro”[lviii]) Entretanto tal matança satisfaz o Mal, que em breve abandonara a cena.
Você já está desistindo dela?[lix].
Riobaldo acabara de “vadiar” com as mulheres do Verde-Alecrim. Diadorim, ao contrário do que se espera, não se irrita, mas até riu de leve satisfeito. Teria ele desistido de sua noiva Otacília? Já que andara com tantas mulheres sem nenhum remorso, despreocupadamente, teria ele esquecido Otacília?
Diadorim ... perguntou, esconso, se eu queria aquela guerra completamente /.../ Remeniquei: — “Uai, Diadorim, pois você mesmo não é que é o dono da empreitada ?[lx].

Diadorim retrocede, pressente sua morte, hesita,teme morrer (por deixar o amigo, certamente livre para Otacília) Diadorim sabe que a vingança de Joca Ramiro é um pretexto para descarregar o ódio diabólico de que está possuído Riobaldo, que o sentido de matar e de destruição (de que o amigo está possuído) não é “saudável”.
Este ódio, que se apodera de Riobaldo, foi analisado aqui como um ódio instintual: A luta pelo objeto de desejo impossível (Diadorim) apareceu em Riobaldo “sob a forma de una ânsia de dominar, para a qual o dano ou o aniquilamento do objeto e indiferente”[lxi].O amor nessa forma não se distingue do ódio em sua atitude para com o objeto. que o ódio não se dirigiu para o objeto (Diadorim), escamoteou-se para o inimigo que se achou à disposição (Hermógenes) Relação metonímica. O ódio baseia-se em parte nas realizações de rejeição aos instintos do ego. Estes instintos podem encontrar fundamentos em motivos reais e contemporâneos. O ódio tem como fundamento os instintos autopreservativos.

Se uma relação de amor com um dado objeto for rompida, freqüentemente o ódio surgira em seu lugar, de modo que temos a impressão de uma transformação do amor em ódio. O ódio, que tem os seus motivos reais, é aqui reforçado por uma regressão do amor a fase preliminar sádica, de modo que o ódio adquire um caráter erótico, ficando assegurada a continuidade de uma relação de amor [lxii].

Diz mais Freud, na página 44 da Metapsicologia: “A mudança do conteúdo de um instinto em seu oposto só é observada num exemplo isolado a transformação do amor em ódio[lxiii]. É como a critica “racionaliza”.
Diz a razão que o ódio nascido em Riobaldo, creditado por seu pacto com o Demônio, tenha origem em seus instintos sexuais, provocados pelo seu desejo insatisfeito e “impossível” de realizar-se em Diadorim. O ódio de Diadorim e de Riobaldo têm um só endereço: O Hermógenes. Os dois amantes descarregam o ódio, desviado de seu objeto inicial (o próprio objeto amado) para um motivo “real e contemporâneo” Freud diz que e particularmente comum “encontrar ambos (o amor e o ódio) dirigidos simultaneamente para o mesmo objeto”[lxiv], e sua coexistência oferece o exemplo mais importante de ambiva1ência de sentimento.

O caso de amor e ódio adquire especial interesse pela circunstância de que se recusa a ajustar-se a nosso esquema dos instintos impossível duvidar de que exista a mais íntima das relações entre esses dois sentimentos opostos e a vida sexual[lxv].

Para poder matar o Hermógenes era que eu tinha conhecido Diadorim, e gostado dele, e seguido essas malaventuranças, por toda a parte?[lxvi]
Riobaldo quase “acerta” no seu argumento de amor e ódio.
A modo que o resumo da minha vida, em desde menino, era para dar cabo definitivo do Hermógenesnaquele dia, naquele lugar[lxvii].
O destino de Riobaldo era o amor de Diadorim transformado em ódio vingativo, de matar o Hermógenes.
O senhor não fala sério![lxviii]
Riobaldo tenta seduzir Diadorim, quase no fim de sua vida, quase no fim de sua narrativa. Diadorim reage assustado.

Diadorim a vir — de topo da rua, punhal na mão, avançar — correndo amouco .../.../ Assim, admirei e vi o claro claramente: aí Diadorim cravar e sangrar Hermógenes ... Ah, cravou em vão — e ressurtiu o alto esguicho de sangue: porfiou para bem matar![lxix]

A cena final de Diadorim vivo.
Diadorim — nu de tudo. E ela disse. — A Deus dada. Pobrezinha ...[lxx]
É o fim: “Aqui a estória se acabou. Aqui, a estória acabada. Aqui a estória acaba”[lxxi].
Os semas recolhidos na leitura dos textos são: Mistério (12 vezes) atração (12 vezes) ver (9 vezes) beleza feroz (6) casamento (5) companhia (3) suspeita (3) ciúme (2) controle (2) impertinência (2) calma (2) rejeição (2) abnegação (1) feminilidade (1) Distribuem-se da seguinte forma:
VER
ATRAÇÃO
COMPANHIA












BELEZA FEROZ
REJEIÇÃO
MISTÉRIO

Neste quadro acima, COMPANHIA envolve: Casamento, controle, ciúme, abnegação e feminidade.REJEIÇÃO envolve: Impertinência e suspeita. MISTÉRIO envolve: Calma.
Concluímos com as seguintes tabelas que mostram a revolução da emoção sobre a razão:
Tabela I: DO VER

RIOBALDO

DIADORIM


Reminiscência

Mundo mágico


Sujeito

Objeto estranho


Seduzido

Sedutor


Tabela II: DA ATRAÇÃO

RIOBALDO

DIADORIM


Sexualidade

Assexualidade (castração)


Atraido (pela amada para a jagunçagem)

Atrai (o amado para a jagunçagem)


Deseja possui (pai)

Deseja possuir (mãe)


Édipo

Electra


Bala (falo)

Punhal (fenda, castração)


Sob o signo do desejo

Sob o signo do não possuído


Eros

Tanatos


Tabela III: DA COMPANHIA

RIOBALDO

DIADORIM


Mãe (Bigri)

Pai (Joca Ramiro)


Mãe fraca

Pai forte


Menino com a mãe

Menino com um cigarro


Margem (lar)

Outra margem (jagunçagem)


Civilização

Natureza


Separado da mãe

Separado do pai


Promessa materna

Proibição paterna


Sociabilidade fraca

Solidão (associabilidade)


Tabela IV: DA BELEZA FEROZ

RIOBALDO

DIADORIM


Pertinência (Otacília)

Impertinência


Homem amado

Mulher armada


Bigri (mãe)

Joca Ramiro (pai)


Pacto

Proibição


Destinado

Mistério


Tabela V: DA REJEIÇÃO

RIOBALDO

DIADORIM


Homem

Travesti


Ódio por contágio

Ódio por natureza


Induzido

Herdeiro


Vence Hermógenes

Mata Hermógenes


Substitui o pai, quebrando
a castração

Mata o assassino do pai,
mantendo a castração


Atração sexual

Rejeição sexual


Ativo para a Vida

Ativo para morte


Tabela VI: DO MISTËRIO

RIOBALDO

DIADORIM


Destinado

Destino


Semi-Sociedade

Marginalidade


Vida e Risco

Morte


Semi-Pacto e poder temporário

Luto e morte


Semi-autorizado

Proibido



2.3.2.2 -  Diadorim

Do que observamos nas 6 tabelas, no que se refere a Diadorim, é a superação do princípio do prazer e do princípio da realidade. Riobaldo, o narrador, necessita de um mínimo de razão para a organização do discurso narrativo. Diadorim é mais livre, é mais liberdade, é mais solto, “limpo” e heróico. Nos dois, entretanto, pois um contagia o outro, um segue a esteira do outro (Riobaldo seque Diadorim nas veredas da jagunçagem), nos dois, entretanto, assiste-se a superação do princípio da subjetividade sobre o princípio da razão, da realidade, da objetividade. Mas a vingança da morte de Joca Ramiro e postulada como a vitória da paixão sobre o lógico. A razão da narrativa lógica de Riobaldo e o necessário para que o fio condutor seja atado, e porque este personagem está mais pr6xi-mo de Guimarães Rosa do que Diadorim. A reminiscência não é a lógica.
Como objeto, Diadorim é objeto do estranhamento, do misterioso. Apesar de desejar castrar, esta castração se destina ao lógico (a sexualidade como norma de acompanhamento do amor, da atração). Cortando a sexualidade de Riobaldo, Diadorim corta a naturalidade socio-psicológica e histórica da atração. Pois sexualidade, mesmo homossexualidade, é histórica. A sexualidade de Diadorim e sem escolha objetual, é mais de atração do que de realização (Diadorim recusa a racionalização freqüentemente como ser possuído de um trágico auto-sacríficio a algum deus escondido).
E, se a sociabilidade de Riobaldo é fraca, a de Diadorim é nula; ela é assexual, é associal, seu signo é o de completa solidão.
Assim, Diadorim é a impertinência é o mistério a que é “destinado” Riobaldo. É mais natureza, menos sociedade. Mais marginalidade, menos ordem. Seu signo é o signo da superação de si mesmo e de tudo. Proibido (Riobaldo e semi-autorizado,posto em luto e morte, em ódio e vingança, em rejeição sexual e assassínio, travestido, misterioso, impertinente, solitário,posto na outra margem, sob o signo de Tanatos, do não possuído, do punhal na fenda da castração, castrante, atraente e corruptor, assexual, sedutor, estranho e mágico, Diadorim é a superação do desejo e da razão, do prazer, do irracional e do desviante, dos poderes da ordem estabelecida.
Riobaldo é mais uma ponte de união entre o nosso mundo e o mundo fora dos gonzos de Diadorim. De professor a jagunço, é semi, é quase: Semi-autorizado, semi-pacto, poder temporário, tem o que arriscar na vida (Diadorim não, já esta nos domínios da morte), parte da sociedade para a marginalidade, é por isso semi-social, e destinado, tem ação para a vida (Diadorim tem ação para morte), tem sexualidade (isto é, vida social, sociabilidade: Diadorim não tem sexualidade devido à sua associabilidade, devido ao seu isolamento e sua recusa) e contagiado pelo amigo, seduzido, induzido, destinado, mais pertinente do que Diadorim, mais social do que ele, mais “civilizado” do que o outro (que é mais natureza) , mais do lar (que o vence, afinal, pois Riobaldo termina aburguesado), mais Eros do que Tanatos, mais desejo e posse, sexual, mais sujeito do que estranho objeto, mais lógico em suas reminiscências.
Riobaldo tem a Mãe Bigri, tem Otacília; Diadorim nada tem, pois Joca Ramiro é mais mito do que personagem.
Diadorim revoluciona mais do que Riobaldo. é um protesto mais feroz, mais fecundo. Mais punitivo, mais arcaico, mais heróico. Mais existencial.
A relação Riobaldo/Diadorim é a possibilidade de sair do eixo. Diadorim ~ o objeto, sim, mas um objeto abrangente, cujo sentido escapa sempre, busca o inconcebível, o que não teve raízes, a misteriosa obscuridade, Desconsolida a condição humana, deixada a descoberto. Busca um não-ser, uma existência dissolvida, separada dos sistemas do racionalismo, desprotegida. Diadorim não é mais o “homo sapiens”, mas a vitória da emoção dos dramas particulares e anti-heróicos que fizeram o triunfo do romantismo. Como indivíduo, Diadorim não se insere num contacto social amplo, num sistema amplo, num modelo amplo.
Diadorim é, também o oposto das evidência, é um herói trágico.
Diadorim é o inacabado, na luta contra as evidência, tem superação da poesia e do trágico, não tem valor senão para a própria vida, sempre inacabada, sempre em fazer-se, contra o desejo de dar um sentido lógico e útil à vida das profundezas, contra os fatos uniformes e prontos, eficazes (Diadorim é a ineficácia) , contra os esquemas racionais aplicados a todos os fatos. Diadorim é a “verdade” do instinto e da subjetividade, transcendente estado de profundeza íntima. Nada há que o justifique ou que o redima, é um ser em luto. Sua condição humana reabsorve a condição mortal e efêmera do homem, que não recusa a emoção e o alarme de tudo que alarma comove. Diadorim não se mede a metro, a balança, é um ser inqualificável, sob o reinado integral do que supera o seu mundo. Não é um ser adequado e seguro, é um puro possível, cuja definição não entra em conta. A vida em Diadorim amplia-se com a morte, vai até limites mais distantes do que os da vida, é a vida que submerge na morte, não a morte que estanca o fluxo da vida.
Diadorim é pois temporalidade, intuição de uma angústia básica de descompromisso com o princípio da realidade. Sua história é uma trajetória direta em direção ao que escapa às quantificações do Poder, direto ao revolucionário, à negatividade absoluta, a rejeição da totalidade. Seu passado é um surto direcionado ao aniquilamento futuro. É a vida que fascina, não a ciência que explica. é a vida como milagre, como obscuridade. Como liberdade de escolha da decisão última. Do suicídio. Diadorim é uma espécie de suicida. Pois a vida,para ele, é mais ameaça do que construção indiferente é angustia existencial do sujeito.
Diadorim é a vida, em si mesma injustificável, ou contraditoriamente por si mesma justificada, mas sempre no nível da inverossimilhança da morte, da contingência da morte, da gratuidade da morte, da sua nulificação.
Diadorim é, entretanto, mais um ser condenado do que um ser livre. Não escolheu seu caminho de ser, não teve a iniciativa, escolha. Não se criou a si mesmo. Não projetou ser. Mas sua abstenção também é uma escolha, uma liberdade. Diadorim aceitou ser Diadorim, ficou sendo. Não deixou de ter a liberdade de escolha. Não deixa de ser responsável por si. Encontra-se no ambíguo porque quer. Não lhe falta coragem, como personagem, vive o risco da vida diária da guerra, nunca conheceu o que era medo. Pode decidir o seu destino, pode inventar caminhos, pode criar seus próprios valores. Porque nunca teve medo. Pois o homem livre pôde inventar seu próprio caminho, sua própria perdição, seu próprio suicídio. A ausência de medo é uma premissa imprescindível. Diadorim buscou sua própria solidão, escolheu sua direção existencial. Pois o homem existe inicialmente, e se define em seguida. é isso que Diadorim esta a dizer, nos labirintos em que se entredimensionou, sem perder em dignidade e em maturidade. Pois o homem se define pelo que faz. Feliz ou infelizmente, apesar do peso do Poder, ao homem tudo é permitido. Isto caracteriza o herói moderno. É o homem quem dá o sentido que quer a sua própria vida. Pode criar um caos sem sentido, mas pode dar um sentido ao caos, se tiver força e coragem. Pode ser um joguete nos dados do mundo, pode ser uma impossibilidade, ou pode ser um herói fecundo de direções, de salvamento e de felicidade. Mas a liberdade se dá dentro da prisão e não fora dela. A liberdade é mais para dentro do que para fora. Fora nada é possível.
O Riobaldo narrador não é o Riobaldo Tatarana, assim como D. Casmurro não é Bentinho.
A morte de um faculta a narração do outro.
A um chamaremos de Riobaldo (o Tatarana). A outro, de narrador (sem a maiúscula simbolizante).
Pois, apesar de não ter o trágico a necessidade da morte e todos os membros de sua família trágica (Édipo sobrevive em Colona), assistimos em Grande Sertão: Veredas à morte narrada de Diadorim e à morte de Riobaldo por deslocamento de ator a produtor (de Riobaldo a narrador).
O Riobaldo ator morre com a morte de Diadorim. O Riobaldo narrador nasce com a “nonada”.
Diadorim não é um ser (é um personagem). Diadorim não é homem, não admitiu ser mulher (nem é homossexual). É assexuado, por isto (também) é ninguém.
A impessoalidade é um fenômeno humanamente trágico, embora “normal” visto do plano divino. Mas é o impessoal, que se vê impessoal, e se revolta contra sua impessoalidade, que tem a consciência de não-ser, ou que tem a consciência de ser-um-vazio, e quando esse vazio, esse não-ser, nada-ser ou não-ser-nada, quando esse não-ser quer ser algo o resultado de seu esforço por ser-algo é o acontecimento trágico.
O nada que quer emancipar-se, para passar a ser, esbarra na inutilidade de seus esforços de ser. Pois todo esforço que parte de algo tende a expandir o que é em ser mais, portanto na natureza do esforço mesmo de ser, a partir do nada, reside uma pretensão de emancipar, que portanto é trágica.
Que Riobaldo amou um ser insubsistente, um ser da esquivança, do retraimento, da reserva: Eis a condição do trágico.
A vingança da morte de Joca Ramiro revela o ódio de Diadorim: Matando Joca Ramiro, o Hermógenes o matou.
Diadorim subsistia do que dele fez o Poder, a Lei, o Pai. Diadorim não era, em si mesmo, senão um ser (ou a sede de um ser) produzido por seu pai.
O pai, que dá o nome, dá o ser, pois o ser no caso é o nome. Como em Diadorim o nome não aponta para um ser definido que se erige nomeando, a morte do pai é a morte do criador sem que o criado se possa emancipar, num passo de independência. O nome não é Diadorim, nem Reinaldo.
Quando morre o pai, a emancipação do filho se dá na subsistência desse código de valores sociais que passam a ser seu sustentáculo de ser. Tais valores, tal ser. Morto Joca Ramiro, Diadorim em nada pode sustentar-se, senão numa lembrança trágica: Os valores sociais vigentes não o sustentam vivo.
A lembrança trágica é aquela que não dá subsistência, mas alimenta uma revolta. Diadorim se revolta CONTRA seu nada, contra seu pai. E, por metonímia, matando o Hermógenes, esta matando o pai, morrendo com o Herm6genes esta morrendo com o pai, pois Diadorim e um complemento ambíguo do pai Joca Ramiro.
Se a lembrança não fosse trágica, tal lembrança poderia servir de base de sustentação para o subsistir de Diadorim. Diadorim poderia viver da lembrança do pai. Entretanto, como tal lembrança lembra a vingança nos vários sentidos de vingar sua morte (de Joca Ramiro e de si mesmo, Diadorim), fez-se com tudo isto uma estrutura trágica sutil, subjacente, na latência de sua ambigüidade (e portanto de seu nada).
Assistimos, portanto, a multíplice morte:
a)         Diadorim mata quem matou seu pai (seu criador);
b)        Diadorim mata seu pai, matando Hermógenes por metonímia;
c)         Diadorim mata quem matou Diadorim (mata o pai);
d)        Diadorim se mata matando o Hermógenes.
Diadorim e um herói posto no fluxo que o levara a morte. É em si e como tal uma “contradição irremediável”. Morrendo heroicamente, mesmo com abandonar Riobaldo, patenteia Diadorim uma dignidade, a “dignidade da queda”. A “falha” de Diadorim se contrapõe a seu crime moral, como culpa não imputável. O conteúdo trágico de Diadorim é uma espécie de fato de “Direito natural”, no sentido de herdeiro direto das determinações de Joca Ramiro, o que faz e o feito.
A atitude de isolamento, visando realizar um projeto, levanta nele, e contra ele, conflitos sociais irremediáveis, coloca Diadorim ao nível do Pai de A terceira margem do rio. Por isso, Diadorim passa a personificar a catástrofe. Riobaldo amou a catástrofe.





[i] ROSA, G. (1976), p.19.
[ii] Ibidem p.22.
[iii] Ibidem p.23.
[iv] Ibidem p.23.
[v] Ibidem p.25.
[vi] Ibidem p.25.
[vii] Ibidem p.28.
[viii] Ibidem p.30.
[ix] Ibidem p.30.
[x] Ibidem p.38.
[xi] Ibidem p.42.
[xii] Ibidem p.47.
[xiii] Ibidem p.65.
[xiv] Ibidem p.65.
[xv] Ibidem p.80.
[xvi] Ibidem p.81.
[xvii] BARTHES, R. (s/d), p.90.
[xviii] Ibidem p.91.
[xix] ROSA, G. (1976), p.81.
[xx] Ibidem p.82.
[xxi] Ibidem p.97.
[xxii] Ibidem p.107.
[xxiii] Ibidem p.107-108.
[xxiv] Ibidem p.112.
[xxv] Ibidem p.112.
[xxvi] Ibidem p.113.
[xxvii] Ibidem p.121.
[xxviii] Ibidem p.121.
[xxix] Ibidem p.141.
[xxx] Ibidem p.147.
[xxxi] Ibidem p.174-175
[xxxii] Ibidem p.181.
[xxxiii] Ibidem p.219.
[xxxiv] Ibidem p.223.
[xxxv] Ibidem p.224.
[xxxvi] FREUD, S. (1974), p.51.
[xxxvii] ROSA, G. (1976), p.240.
[xxxviii] Ibidem p.260.
[xxxix] FREUD, S. (1974), p.51.
[xl] ROSA, G. (1976), p.267.
[xli] Ibidem p.273.
[xlii] FREUD, S. (1974), p.51.
[xliii] ROSA, G. (1976), p.282.
[xliv] Ibidem p.283.
[xlv] Ibidem p.289.
[xlvi] Ibidem p.293.
[xlvii] Ibidem p.323.
[xlviii] Ibidem p.353.
[xlix] Ibidem p.368.
[l] Ibidem p.371.
[li] Ibidem p.373.
[lii] Ibidem p.374.
[liii] Ibidem p.374.
[liv] Ibidem p.378-379.
[lv] BARTHES, R. (s/d), p.81.
[lvi] ROSA, G. (1976), p.386.
[lvii] Ibidem p.390.
[lviii] Ibidem p.390.
[lix] Ibidem p.401.
[lx] Ibidem p.403.
[lxi] FREUD, S. (1974), p.50.
[lxii] Ibidem p.51.
[lxiii] Ibidem p.44.
[lxiv] Ibidem p.44.
[lxv] Ibidem p.44.
[lxvi] ROSA, G. (1976), p.409.
[lxvii] Ibidem p.434.
[lxviii] Ibidem p.437.
[lxix] Ibidem p.450.
[lxx] Ibidem p.453.
[lxxi] Ibidem p.454.

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